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LINIKER E DJONGA

Um encontro de urgências: Baguncinha traz discursos sobre o corpo preto, a arte e a resistência

Djonga e Liniker dividem palco em Cuiabá e levam público do “Baguncinha, O Festival” a lugares de cura e revolta

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Dois dos nomes mais relevantes da música brasileira contemporânea se apresentam em Cuiabá no mesmo dia no mês de julho e poucos encontros são tão simbólicos atualmente quanto este. Djonga e Liniker dividem o line-up divulgado na semana passada pela produção do Baguncinha, o Festival. E aqui vai uma análise recheada de expectativa: a dobradinha na Arena Pantanal será histórica para o público cuiabano, porque além de transbordar boa música e presença no palco, os dois artistas são como caminhos distintos, mas profundamente conectados, que falam sobre a existência preta no Brasil de hoje. Discursos complementares sobre o corpo preto, a arte e a resistência.

De um lado, a força da delicadeza. Liniker estreia em solo mato-grossense com Caju, espetáculo que já rendeu à artista quatro troféus no Prêmio Multishow 2024 e a consagrou ainda mais como uma das grandes vozes da MPB. Com sua fala doce e firme, ela transforma o palco em lugar de cura. Canta o corpo, o desejo, a identidade. A voz e as letras de Liniker acolhem e abraçam.

Do outro, a revolta necessária. Djonga retorna aos palcos com a potência lírica que o consagrou como um dos rappers mais influentes da cena nacional. Com beats marcantes e versos incisivos, ele escancara feridas: racismo, desigualdade, urgência social. Sua arte não pede licença e nem deveria. Ela sacode, convoca, denuncia.

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Poderiam ser opostos. Mas, ao invés disso, Djonga e Liniker se encontram como dois lados de uma mesma moeda. Ela convida a olhar para dentro. Ele exige que a gente grite para fora. Juntos, mostram que resistir também pode ser amar, curar e transformar.

Para o Baguncinha, que se consolida como um festival extremamente necessário nessa região do Centro-Oeste, a presença desses dois artistas carrega mais do que o peso de nomes consagrados: é a manifestação viva sobre a arte como ferramenta de existência e transformação. Lininker e Djonga juntos soam como uma provocação ao público: “Qual seria a ordem perfeita de apresentação desses artistas? Cura antes da revolta ou revolta antes da cura?” A resposta talvez nem importe tanto. O importante é viver o impacto desse momento.

E tem mais

A pluralidade do line-up segue como marca registrada do festival. Além das atrações principais, o Baguncinha traz uma programação diversa que valoriza tanto os artistas nacionais quanto a produção local. Estão confirmados nomes como Pacha Ana, Paulo Monarco e Calorosa, reforçando o compromisso com a cena cultural do Centro-Oeste.

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Para os amantes das pistas, o palco eletrônico promete ser um capítulo à parte. Comandado por artistas como Eli Iwasa e Vegas, além de representantes regionais como Peve, Ramsay, Stival, Gupazz e Arthur Prochnow, o espaço reforça a pulsação da música eletrônica feita no Brasil e em Mato Grosso.

Mais que um festival

A expectativa de público é de 10 mil pessoas e a estrutura do evento prevê a geração de mais de 200 empregos indiretos. Gastronomia, segurança, transporte e outros serviços locais devem sentir o impacto positivo da movimentação.

Além da música, o Baguncinha reafirma seu compromisso com causas sociais. Iniciativas como a distribuição de mudas, ações de sustentabilidade e a manutenção da “Lista T” — destinada a pessoas trans — integram a programação do festival, mostrando que entretenimento e responsabilidade caminham juntos.

Serviço

Baguncinha, o Festival 2025
Data: 12 de julho de 2025
Local: Arena Pantanal – Cuiabá, MT
Mais informações: @baguncinha.ofestival

Análise produzida por Vinil de Segunda

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