Cuiabá vive, nesta semana, uma experiência artística que ultrapassa o palco. O projeto SANKOFA, idealizado e protagonizado por André D’Lucca, está levando o letramento racial à rede pública de ensino, com apresentações gratuitas até o dia 10 de outubro.
A turnê começou no Liceu Cuiabano e segue com sessões em diferentes escolas e institutos federais da capital. Mais do que uma peça, o espetáculo propõe um reencontro com a ancestralidade e a história afro-brasileira — aquelas que os livros muitas vezes silenciam, mas que a arte insiste em ecoar.
O poder da ancestralidade no palco
Em cena, André D’Lucca interpreta Fatumbi, um rei africano que revela uma profecia ancestral. Ele é acompanhado pela força vocal de Mariana Borealis, pela expressividade corporal de Nathally Sena e pelos tambores vibrantes de Jair Júnior e Lizabety Reis. A direção é de Ariana Carla e Jeferson Bertoloti.
O resultado é uma experiência sensorial que mistura corpo, voz e percussão para falar sobre o tempo — passado, presente e futuro — com poesia e intensidade.
“SANKOFA é um chamado. Um lembrete de que nossas raízes são fontes de poder. O palco é o espaço onde a história negra ganha corpo, voz e emoção”, afirma André D’Lucca.
O que significa SANKOFA
A palavra SANKOFA vem de um provérbio africano e representa um pássaro que olha para trás para buscar o que foi esquecido. A metáfora inspira toda a narrativa do espetáculo, que revisita figuras históricas e simbólicas da luta negra, como Tereza de Benguela, Ota Benga, Luciene de Carvalho, Jejé de Oyá e a Rainha Amanirenas, que enfrentou o Império Romano com coragem.
Cada personagem é um arquétipo de resistência e sabedoria — vozes que atravessam o tempo e seguem inspirando novas gerações.
Arte que educa e transforma
SANKOFA se destaca pela linguagem acessível e pela interação com o público estudantil. Entre tambores e narrativas, o teatro se torna uma ferramenta de aprendizado coletivo, onde temas como identidade, apropriação cultural e colonialismo ganham espaço e sensibilidade.
A proposta dialoga com o Plano Estadual de Cultura, que reconhece o teatro como instrumento de transformação social. Assim, o espetáculo transforma o palco em sala de aula viva — onde o aprendizado atravessa o corpo, a memória e o afeto.
Programação
6/10 (Segunda-feira)
Escola Estadual Liceu Cuiabano “Maria de Arruda Müller”
Abertura oficial da segunda turnê de SANKOFA – 19h30
7/10 (Terça-feira)
IFMT Bela Vista – Vespertino
8/10 (Quarta-feira)
IFMT Cuiabá Bela Vista – Matutino
9/10 (Quinta-feira)
Escola Estadual Liceu Cuiabano “Maria de Arruda Müller” – Matutino e Vespertino
10/10 (Sexta-feira)
IFMT Cuiabá Centro – Quatro sessões (duas no período matutino e duas no vespertino)
Censura livre e entrada gratuita.